quarta-feira, 17 de setembro de 2008

"Menos é mais para o Motörhead", diz o baterista Mikkey Dee, que lança o álbum Motörizer



MARCUS MARÇAL

Da Redação


Motörizer, o novo álbum do grupo britânico Motörhead, é uma aula de rock'n roll básico. Em seu 17º disco de estúdio, a banda dá uma roupagem atual ao som pesado com o qual se notabilizou em álbuns clássicos como Overkill (1979), Bomber (1979), Ace of Spades (1980) e Iron Fist (1982), entre outros.

Junto aos Ramones e Stooges, o Motörhead é um dos melhores exemplos de como o rock'n roll pode soar poderoso com poucos acordes e muitos decibéis. E, embora seja uma banda com décadas de estrada marcadas por excessos de todo tipo, o Motörhead ainda impressiona pelo vigor de seu repertório novo -- uma constante em seus 33 anos de existência.

De Columbus, Ohio (EUA), o baterista Mikkey Dee falou ao UOL sobre o novo disco e os planos do grupo. Junto aos álbuns Inferno (2004) e Kiss of Death (2006), Motörizer retrata sonoramente o que o Motörhead representa hoje, conforme destacou o músico. "Nossos três últimos discos de estúdio salientam a versatilidade de nossa música, dentro do que se espera da banda. Não é fácil manter o padrão de qualidade com o qual o Motörhead se notabilizou, mas não é algo que pensemos muito a respeito. Simplesmente escrevemos nosso material novo e considero que estamos à altura do que se espera da banda e sua história", avalia.

Motörizer apresenta 11 faixas distribuídas em aproximadamente 40 minutos. Apesar da curta duração, o disco contém variedade musical suficiente para representar diferentes facetas do Motörhead --do punk ao metal, com destaque para as nuances de hard rock e blues.

"Acho que não seria válido destacarmos qualquer tema do disco em especial, pois ele é suficientemente variado dentro das referências com as quais a banda se popularizou. E Motörizer tem todo tipo de música --desde canções lentas, rápidas ou mesmo gêneros variados. No entanto, é a mistura desses elementos característicos de nossa história que faz este álbum o melhor retrato do que o Motörhead é hoje em dia", diz.

Veteranos do rock pesado

Desde sua criação em 1975, a banda é capitaneada por Lemmy Kilminster, 63 (baixo e voz), e foi a primeira a misturar heavy metal e punk rock, até então estilos antagônicos. Uma das figuras mais legendárias da história do rock'n roll, o baixista e vocalista é também a alma do Motörhead.

Na ativa oficialmente desde 1992, a atual formação da banda também conta com Phillip Campbell (guitarra), além de Mikkey Dee.

Sobre o processo de composição de faixas do novo disco, como Runaround Man, English Rose, Time is Right e The Thousand Names of God, Dee afirma: "Lemmy é o responsável pelas letras e temos muita confiança em seu trabalho. Ele é muito criativo e geralmente faz uso de muito sarcasmo e até mesmo maldade em suas composições. Isso às vezes não funciona no primeiro momento, mas aí damos nossa opinião, e Lemmy faz os devidos ajustes”, explica.

No decorrer das décadas, o Motörhead se notabilizou por ser simples e direta. "Menos é mais em se tratando desta banda. Se hoje complicássemos muito nosso trabalho com aparatos de produção, isso seria ruim e indigno à história do Motörhead. É justamente a simplicidade da obra que inspira tanta gente interessante. E no que isso nos diz respeito, esse é apenas modo como nos expressamos e fazemos nosso trabalho", avalia.

Parte de Motörizer foi produzida no 606 Studios, em Los Angeles, EUA. O estúdio pertence a Dave Grohl, líder do Foo Fighters e notoriamente um grande fã da banda. Considerado um dos músicos mais simpáticos e prestativos do universo roqueiro mainstream, Grohl se notabilizou por inúmeras participações em projetos alheios (Backbeat Band, Queens of the Stone Age, Cat Power, entre outros) e eventualmente chega a oferecer seus préstimos de baterista para suas bandas prediletas, como já aconteceu com o Led Zeppelin, por exemplo.


Documentário

Músicos de uma banda com mais de 30 anos de estrada certamente têm muitas histórias boas para contar. E, além do disco novo, os fãs do Motörhead têm muito o que comemorar: um documentário sobre a vida do líder do grupo está sendo finalizado, com previsão de lançamento para 2009. Lemmy: The Movie conta a história de Lemmy Killminster desde os anos 60 até os dias de hoje e inclui entrevistas com integrantes do Motörhead, colegas e fãs como Slash, Dave Grohl, Mick Jones (The Clash), Alice Cooper, Steve Vai e o profissional de luta livre Triple H, entre outros.

Dirigido por Greg Olliver e Wes Orshoski, o filme foi registrado em alta definição e Super 16mm, mas não é um projeto da banda. Segundo Mikkey Dee, o trio apenas liberou acesso da equipe de filmagem aos bastidores das turnês do Motörhead durante dois anos. "Não conhecíamos os caras e particularmente não temos muito a adiantar sobre esse trabalho. Os caras da equipe de filmagem simplesmente nos seguiram em nossas turnês pelo mundo e, do pouco que sei, o filme está 90% pronto", conta.

Um acordo de distribuição ainda não foi assinado, mas um vídeo promocional pode ser visto no site oficial do documentário. O trailler contém imagens da banda em cena, além de alguns segmentos em que Lemmy Kilmister testa alguns amplificadores de baixo em volumes ensurdecedores e conta piadas impróprias para menores.

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