quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Along Came a Spider – Alice Cooper


Por Rodrigo Werneck (Whiplash)

Mestre na arte de mesclar (boa) música com teatro de horror, Alice Cooper mais uma vez nos brinda com um disco conceitual, o seu mais bem sucedido desde os sucessos retumbantes de “Trash” e “Hey Stoopid”, lançados na virada dos anos 80 para os 90. Este já é seu vigésimo quinto disco de estúdio, em seus 40 anos de carreira de grande sucesso.

Cooper, ladeado mais uma vez por seu fiel escudeiro Eric Singer, que também é baterista do Kiss, tem neste disco dois novos parceiros principais, Danny Saber e Greg Hampton, que foram responsáveis por grande parte das guitarras, baixos, teclados e vocais de apoio no disco, além da produção e co-composição. Os demais integrantes da banda atual de Alice, nominalmente os guitarristas Keri Kelli e Jason Hook e o baixista Chuck Garric, gravaram algumas participações, assim como alguns convidados bem especiais: Ozzy Osbourne (gaita em “Wake The Dead”) e Slash (solo de guitarra em “Vengeance Is Mine”).

As letras, sempre brilhantemente irônicas, contam a estória de um “serial killer” de codinome “Spider” (“aranha” em inglês), cujos métodos invariavelmente se repetem: ele cerca e mata mulheres, e depois disso corta uma de suas pernas e envolve o restante do corpo numa teia de seda. Ou seja, uma referência aos métodos de caça das aranhas. Em várias partes do disco, o “motto” é repetido: “you trap, you kill, you eat”, ou seja, “você cerca, você mata, você come”. O assassino, cujo verdadeiro nome é Steven (revelado no final da última faixa do CD), tem o objetivo de matar 8 mulheres, e com isso obter as 8 pernas para montar a sua aranha. As coisas se complicam, entretanto, pois Steven se apaixona pela sua oitava vítima... Steven, claro, é um retorno do personagem doentio criado no disco “Welcome To My Nightmare” (1975), e revisitado nos álbuns “Hey Stoopid” (1991) e “The Last Temptation” (1994).

Por sinal, é interessante repararmos que Alice Cooper tem alternado o estilo de seus discos nos últimos anos, desde o seu retorno às atividades em 1986 (após se recuperar dos abusos das drogas e, principalmente, do álcool). “Constrictor” (1986) e “Raise Your Fist And Yell” (1987) iam numa linha heavy metal melódico. “Trash” (1989) e “Hey Stoopid” (1991) eram mais comerciais, embora ainda pesados, e ajudaram Alice a ressurgir de forma mais presente na mídia, embarcando na “onda MTV”. “The Last Temptation” (1994) trouxe um pouco do ar mais tradicional de seus discos antigos. Já em “Brutal Planet” (2000) e “Dragontown” (2001), Alice se distanciou de seu público fiel e foi para os lados do industrial, com músicas pesadas, arrastadas e “sujas”. O resultado não foi tão bom, e aos poucos ele retornou ao seu estilo, primeiramente com “The Eyes Of Alice Cooper (2003) e principalmente com o ótimo “Dirty Diamonds” (2005), sem sombra de dúvidas seu melhor lançamento nos últimos 20 anos. Este novo “Along Came A Spider” mantém o pique, musicalmente falando, mas é um passo adiante em termos de conceito, tema e letras das músicas. As personalidades todas se misturam, propositalmente: Vincent Furnier (seu nome real), Alice Cooper (seu nome artístico), Steven (seu personagem recorrente) e Spider (o novo assassino criado). A arte do belo digipak no qual vem o CD, reproduzida fielmente na edição nacional (lançada pela Hellion Records), inclui fotos antigas e novas de Alice, personificando o menino Steven e o assassino Spider. Até mesmo a maquiagem atual de Alice faz referência ao disco, com 8 “pernas” desenhadas ao redor de cada um dos seus olhos. O generoso encarte de 20 páginas se assemelha a um diário (de Steven) e inclui todas as letras (algo essencial num disco conceitual) e créditos, bem como várias fotos e ilustrações, num estilo que lembra o dos antigos pôsteres de filmes de terror, mais especificamente os do cultuado diretor italiano Dario Argento.

Quanto às músicas, é difícil de se destacar algumas. O disco é bastante coeso, de forma geral bastante pesado para os padrões de Alice, mas sempre mantendo uma boa dose de melodia e, como não poderia deixar de ser, deboche. As participações especiais são relevantes, seja a contagiante gaitinha de Ozzy em “Wake The Dead” ou o ótimo solo de Slash em “Vengeance Is Mine”, que mostra o melhor lado do guitarrista (solar em estúdio). As baladas estão lá, lembrando seus trabalhos da segunda metade da década de 70: “Killed By Love” e “Salvation”.

Talvez o único ponto de certa forma negativo que mereça ser mencionado é a produção do CD. Embora a qualidade sonora esteja impecável, é notório que se um produtor experiente como (o antigo parceiro de Alice) Bob Ezrin tivesse sido convocado para pilotá-la, o resultado teria sido ainda melhor. Ezrin, conhecido por seus brilhantes trabalhos com o Kiss, o Pink Floyd e o próprio Alice, certamente teria extraído melhor resultado das faixas, agregando uma maior dinâmica e alternando de forma mais eficiente momentos pesados e mais calmos. Uma primeira ouvida do disco pode soar como se todas as faixas fossem demasiadamente similares, mas isso é apenas fruto da produção, bastando apenas mais algumas audições para se “pegar” as diferenças entre elas.

No iTunes há 3 músicas adicionais disponíveis para venda: “Shadow Of Yourself”, “I’ll Still Be There”, e “Salvation (Unplugged With Strings)”. Vale a pena também uma conferida no vídeo promocional de 10 minutos disponível no Youtube (contém trechos de 3 músicas, ”Vengeance Is Mine”, “(In Touch With Your) Feminine Side” e “Killed By Love”, e inclui a participação de Slash e da banda de Alice).

Mais um bom lançamento de Cooper, que não dá mostras de cansaço, prometendo muito mais nos anos vindouros. Ao contrário de seus parceiros da banda Alice Cooper original (Glen Buxton, Michael Bruce, Dennis Dunaway e Neal Smith), Alice foi o único que soube se manter jovem ou, pelo menos, jovial...

Tracklist:
1. Prologue / I Know Where You Live
2. Vengeance Is Mine
3. Wake The Dead
4. Catch Me If You Can
5. (In Touch With) Your Feminine Side
6. Wrapped In Silk
7. Killed By Love
8. I’m Hungry
9. The One That Got Away
10. Salvation
11. I Am The Spider / Epilogue

Website: http://www.alicecooper.com

Metallica: Hetfield e Trujillo comentam sobre Guitar Hero


Por Douglas Morita (Whiplash)

O Metallica confirmou na semana passada em seu site que o jogo “Guitar Hero: Metallica” deverá sair no primeiro semestre de 2009. O grupo é o segundo a ter sua própria versão do Guitar Hero, sendo o primeiro o AEROSMITH.

O frontman do METALLICA, James Hetfield, disse ao The Pulse of Radio algumas das razões do porquê da banda ter abraçado o fenômeno dos video-games. "Muitas crianças que talvez queriam tocar guitarra, ou até, especialmente adultos que que queriam tocar guitarra e nunca tocaram, eles estão tendo a chance de certa forma de viver um pouco disso em sua sala de estar ou seja onde for", disse ele. "E é uma boa forma de divulgar sua música. Com todas as grandes lojas de discos fechando, levar música as pessoas está ficando um pouco limitado. Mas há muitos lugares, novos lugares a serem explorados, e um deles é o Guitar Hero."

O baixista do METALLICA, Robert Trujillo, disse ao The Pulse of Radio sobre o longo processo de captura de movimentos pelo qual a banda passou para trazê-los à vida no jogo. "Nós estamos basicamente em trajes de mergulho, e você tem todas aquelas pequenas bolas que ajudam a capturar a imagem no computador", disse ele. "É como tocar em um traje de mergulho, então você sente muito calor, você está lá, você está bangeando, você está debaixo das luzes, mas é um exercício. Sabe, eles usualmente querem que você toque uma música cinco vezes ou mais, então é muito trabalho."

Abaixo, confira o trailer do Guitar Hero da banda:

AC/DC recebe homenagem por suas raízes escocesas


Por Matheus Vieira

O AC/DC recebeu uma menção honrosa devido a suas raízes escocesas. O prêmio foi entregue por Christine Grahame, da revista escocesa Holyrood. A placa entregue por ela, contém a seguinte frase: "AC/DC, nós te saudamos".Segundo Grahame a homenagem é mais do que merecida. "O reconhecimento por parte da Escócia com certeza comoverá os irmãos Young.O AC/Dc deve voltar a Escócia para um show em Hampden Park no começo de 2009.

Os fundadores do grupo, Angus e Malcolm Young nasceram em Glasgow e posteriormente se mudaram para a Austrália em 1963. Já o ex-frontman da banda, Bon Scott, que morreu em 1980, nasceu em Kirriemuir, cidade que já possui uma placa em sua homenagem. Scott tinha uma tatuagem em seu braço direito que dizia: "Escócia eternamente"



Fonte: Novo Metal/Brave Words

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Heaven and Hell: novo álbum já começou a ser gravado


HEAVEN AND HELL - a banda que conta com os membros do BLACK SABBATH, Ronnie James Dio (vocais), Tony Iommi (guitarra), Geezer Butler (baixo) e Vinnie Appice (bateria) - entrou no Rockfield Studios em Wales, Inglaterra, para começar a gravar seu novo álbum, o primeiro do grupo desde o "Dehumanizer" do Black Sabbath (que também foi gravado no Rockfield) em 1992. O lançamento é esperado para o começo de 2009 via Rhino Records.

Dois anos atrás, Dio, Iommi, Butler e Appice se reuniram para gravar um trio de músicas novas para o "Black Sabbath: The Dio Years" da Rhino, antes de começar uma muito aguardada e altamente aclamada turnê mundial sob seu novo apelido HEAVEN AND HELL. Revitalizada pela reunião, a formação está de volta ao estúdio agora para gravar o primeiro álbum full-length de estúdio do HEAVEN AND HELL.

Para aguçar o apetite dos fãs para o novo álbum, o HEAVEN AND HELL retornou à estrada no verão passado para uma pequena participação na Metal Masters Tour, uma viagem pela América do Norte de um mês com JUDAS PRIEST, MOTÖRHEAD e TESTAMENT.

Com relação à decisão da banda de continuar a operar como HEAVEN AND HELL em vez de BLACK SABBATH, Iommi disse à Billboard.com no começo do ano, "É o Black Sabbath na verdade, não importa o que fizermos. Apenas escolhemos ir como HEAVEN AND HELL para que todos saibam o que esperar [e] para que as pessoas não esperem ouvir 'Iron Man' e todas essas músicas. Tocamos elas por muitos anos, é bom tocar só as coisas que fizemos com Ronnie de novo".

domingo, 30 de novembro de 2008

Dream Theater começa a trabalhar no sucessor de Systematic Chaos


O grupo norte-americano de Prog Metal Dream Theater já está trabalhando nas gravações de um novo álbum de estúdio, sucessor de Systematic Chaos. A informação foi divulgada pelo baterista Mike Portnoy em mensagem publicada no fórum do site oficial do músico.

“Bem, normalmente eu não divulgo nenhuma informação de estúdio por medo de especulação e análises (sim, tem um outro tópico no fórum com 21 páginas de pessoas falando sobre meu cabelo e o de JP [Jon Petrucci] baseado no diário do Jordan [Rudess]), mas eu precisava dividir essa emoção com todos vocês”, começa o baterista.

“Hoje eu terminei de gravar as partes de bateria para o novo álbum do Dream Theater! Como sempre, eu não direi sobre a descrição das músicas, títulos, duração, etc. Apenas comentarei o seguinte: Imaginem um trabalho do Dream Theater com as músicas ‘Change of Seasons’, ‘Octavarium’, ‘Learning To Live’, ‘Pull Me Under’ e ‘The Glass Prison’, tudo junto em apenas um álbum. Vocês vão aguentar? Animados? Tenho certeza que sim”.

O último disco com músicas inéditas lançadas pelo grupo chegou às lojas em 2007. Este ano eles lançaram o CD e DVD “Chaos in Motion”, gravado ao vivo.

Fonte: Rock Online

Como prometeu Bruce Dickinson, o Maiden volta ao Brasil


Agora é oficial. O Iron Maiden confirmou por meio de seu site cinco apresentações em solo brasileiro no próximo mês de março.

As datas e locais podem ser conferidos abaixo:

12/03/09 (quinta-feira) - MANAUS, Sambódromo
14/03/09 (sábado) - RIO DE JANEIRO, Apoteose
15/03/09 (domingo) - SAO PAULO, Autódromo de Interlagos
18/03/09 (quarta-feira) - RECIFE, Estádio Municipal
20/03/09 (sexta-feira) - BRASILIA, Brasilia Camping

Segundo o comunicado oficial: "Será a primeira vez que a banda se apresentará na bela cidade litorânea de Recife, na capital Brasília e em Manaus, cidade situada no coração da Floresta Amazônica, além de retornar ao Rio de Janeiro."

"Além disso, devido a enorme demanda por ingressos no último show feito em São Paulo, no começo do ano, com os 40 mil ingressos para o Estádio do Palmeiras se esgotando rapidamente, decidimos retornar à cidade, dessa vez num lugar muito maior, o famoso Autódromo de Interlagos, onde Lewis Hamilton sagrou-se campeão de Fórmula 1 no mês passado e onde o Kiss fez um grande concerto em 1999."

Fonte: Whiplash

Black Ice


Definir o som do AC/DC é tão simples quanto a sua música. Uma dupla entrosadíssima de guitarristas que despeja riffs em profusão. Um vocalista que mais parece um pato rouco e esganiçado, tamanha é a peculiaridade de seu timbre de voz. Uma cozinha precisa, direta e crua, que serve de sustentação às poderosas guitarras, a força motriz do grupo. Acrescente-se a isso letras festivas, divertidas, sacanas e irônicas. Pronto. Essa é a fórmula que o AC/DC vem seguindo desde o seu primeiro disco, o clássico High Voltage, de 1975.

De lá para cá, a banda lançou mais de uma dezena de discos, entre eles o fenomenal Back In Black - o segundo álbum mais vendido de todos os tempos – e o indispensável If You Want Blood You’ve Got It (um dos mais aclamados discos ao vivo da história), alcançou o estrelato mundial e atingiu um invejável patamar de respeitabilidade, comparável a bandas como Black Sabbath e Led Zeppelin. Tudo isso calcado na singela fórmula supracitada. O segredo de tamanha longevidade e sucesso? Black Ice (R$24,90), o novo disco da banda que melhor encarna o espírito rock n roll, esclarece.

Lançado há pouco menos de um mês, Black Ice é a prova de que é possível haver genialidade na simplicidade. Não que ele seja genial. É “apenas” um excelente CD do mais puro, bom e velho rock n’roll. O que é genial é a interminável capacidade que o AC/DC possui de, dentro da tão explorada linguagem (estilo) que eles próprios criaram, se reinventar, permanecer relevante e lançar um disco oitentista nos anos 2000 sem mostrar sinais de obsolescência. A essa capacidade dá-se o nome de criatividade. E criatividade é que o não falta em Black Ice.

É por isso que quem, depois dos oito anos de inatividade da banda – o último registro havia sido Stiff Upper Lip, de 2000 -, alimentava um certo ceticismo em relação ao novo CD dos australianos teve logo que mudar de idéia quando foram liberadas as primeiras músicas na internet. Rock N Roll Train, o single de Black Ice, é a síntese do AC/DC: simples e direta. Seu refrão, fortalecido pelo ótimo trabalho de backing vocals, agrada desde a primeira audição. War Machine, a melhor do CD, tem, sem dúvida, um dos mais poderosos riffs da carreira do quinteto. Anything Goes, principalmente em razão da pegajosa melodia vocal, é uma deliciosa balada de grande potencial radiofônico. Stormy May Day tem um trabalho excepcional de slide guitar e só não é a melhor das 15 faixas de Black Ice por causa de seu frustrante e apressado fim. Rocking All The Way, com suas guitarras cortantes e seu empolgante refrão, é uma aula do mais genuíno rock n’roll. A faixa-título, por sua vez, tem um riff tão frenético que é capaz de levantar o mais sonolento dos defuntos.

De negativo apenas a excessiva cadência de Money Made e a fria estrutura bluesística de Decibel. Essas duas músicas, descartáveis e genéricas, freiam o ímpeto juvenil do álbum e tiram um pouco de seu brilho e de seu dinamismo. Poderiam ter sido excluídas da track list final, sem qualquer prejuízo.

Certa vez, em resposta aos que criticam a imutabilidade musical do AC/DC, Angus Young, guitarrista e líder da banda australiana, com o sarcasmo que lhe é característico, declarou: “Temos sido acusados de fazer o mesmo álbum uma dúzia de vezes. Mas isto é uma mentira suja. A verdade é que fizemos o mesmo álbum 14 vezes.” Com Black Ice, Angus, Malcolm Young (guitarrista base e irmão de Angus), Cliff Williams (baixista), Brian Johnson (vocalista) e Phil Rudd (baterista), todos com idade acima dos 50 anos, entregam ao mundo o “mesmo” álbum pela décima sexta vez. Se é para o bem do rock n’ roll, quem se incomoda?

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Da série: Farsas do Rock n' Roll - O Cansei de Ser Sexy já cansou no segundo disco


Thiago (El Cid) Cardim

Publicado originalmente no Whiplash


Nota: 3

Desde aquela mal-fadada apresentação que presenciei no TIM Festival de 2004, sinto calafrios toda vez que ouço falar o nome Cansei de Ser Sexy. Aliás, quem me conhece sabe que sinto uma espécie de rejeição imediata por estes hypes automáticos, estas bandas que, do meio do nada com coisa nenhuma, todos os críticos começam a erguer ao status de cult obrigatório, nos fazendo engolir garganta abaixo – haja vista o recente “fenômeno” Mallu Magalhães.

No caso do CSS, no entanto, foi ainda pior. Eles começaram a construir uma carreira internacional, tornando-se darlings da imprensa inglesa e capa da prestigiada (?) revista NME. Há quem defenda que, meses depois, sua sonoridade pouco lembrava aquela desastrosa apresentação aqui no Brasil. Pra mim, era balela. O CSS continuava sendo um electro rock tosco, tocado por músicos que, essencialmente, não sabiam tocar – com exceção do líder Adriano Cintra, veja bem. A diferença é que, depois de tanto falatório, os integrantes da banda largaram a postura despretensiosa e se convenceram de fato de que eram rockstars do primeiro escalão, com direito a toda a arrogância que vem no pacote. Mas não estamos aqui para discutir isso, não é mesmo?

Eis, então, que chega o segundo disco, “Donkey”. E...uau, que mudança! Daquelas surpreendentes. A produção é mesmo de primeiro nível, a sonoridade ficou muito mais indie rock do que electro, a parte instrumental teve uma melhora visível. E o que aconteceu nesta transformação milagrosa, meus caros? Catso, o CSS perdeu a personalidade! Como num passe de mágica! Eu não gostava daquele CSS do primeiro disco, vá lá. Mas aquele era o CSS. Inegavelmente. Impossível não reconhecer. Em “Donkey”, o grupo se transformou em uma bandinha britânica default, template, básica, igual àquelas dezenas que saem do forno brit-rock todas as semanas. Juro que eu preferia que eles tivessem continuado toscos. Pelo menos dá para falar mal com propriedade.

A grande ironia é que, justamente em seu segundo disco, considerado a barreira definitiva para mostrar a que veio de fato uma banda, o CSS inventou de se reinventar. Chamou um produtor figurão como Mark “Spike” Stent (Björk, Madonna, Radiohead) para mixar a bagaça e, tentando mostrar amadurecimento musical, agora a banda quer provar que pode ser rock ‘n’ roll. Quando se escuta músicas como “Give Up”, “Left Behind” e o single “Rat Is Dead (Rage)”, por exemplo, a única sensação que se têm é que se tratam de covers. Sim, releituras de músicas que, com toda certeza alguém já gravou antes. Mas... não. São canções inéditas. Pasme.

A primeira tem um gostinho do brit-rock que tomou as paradas de sucesso mundiais na década de 90. A segunda leva um cheirinho facilmente reconhecível de new wave. E a última tem lá a sua guitarra raivosa com ecos nítidos no grunge. O humor? A irreverência? A esperteza? A novidade? Passaram longe.

Sobreviventes a uma mudança radical que os transformou de “a” banda em “uma” banda, as canções “Move” e “Let’s Reggae All Night” são as únicas que carregam uma sensação de evolução direta com relação ao trabalho do primeiro álbum, auto-intitulado. Ambas são dançantes, com efeitos anos 80 meio kitsch, funcionando como elo de ligação entre a bobagem mal e porcamente executada anteriormente com um mundo de estúdios e mesas de produção melhor acabados.

O mais interessante, acreditem ou não, é que eu não sou o único a ter esta opinião! Na verdade, embora meus textos costumem divergir freqüentemente do que acha a imprensa internacional – em especial aquela que gosta de se considerar “indie” – desta vez estamos todos de acordo. Até mesmo os fãs costumeiros do entourage de Lovefoxx não entenderam muito bem o que aconteceu no processo. A proposta ficou borrada.

Mas esta não é a minha grande questão. Pra mim, a pergunta que não quer calar é: depois de ver a reação morna que “Donkey” recebeu na imprensa, derrubando-os de seu status de queridinhos da vez, qual será o próximo passo do CSS? Voltar ao que era antes? Mudar o percurso evolutivo para um terceiro disco? Ou inventar uma nova direção? Nem arrisco um palpite. Mas...há. Estão aí cenas do próximo capítulo que eu adoraria ver.

Line-Up:Lovefoxx – Vocal Ana Rezende – Guitarra e TecladoCarolina Parra – Guitarra, Bateria e Backing VocalLuiza Sá – Guitarra e Teclado Adriano Cintra – Baixo e Backing Vocal

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Comentários do blog

1- Qual será a próxima banda de British Rock a ser abraçada e descartada pela mídia ávida por salvadores do rock?

2- Mais uma vez enfatizo que guitarras e riffs bem definidos são condições de existência do Rock. O riff é a simbolização do desacordo, da inadequação, da rebeldia, da revolta. De novo: sem riffs e guitarras bem definidos, em primeiro plano, não há Rock. Há Pop. Portanto, o que se chama de British Rock ou Indie Rock - a independência começa no nome e termina nele - não passa de um Pop sofrível e acomodado, infenso a evoluções e a flertes com outros estilos musicais. Logo, o que precisa de salvação - se é que precisa mesmo - é o Pop ou, pelo menos, esse segmento do Pop.

O Rock respira e respira bem, sem ajuda de aparelhos. Que o diga o Ac/Dc, o Metallica, o Nevermore, o Kamelot, o Almah, o Pain of Salvation, o Joe Satriani, o Testament, o Dream Theater, o Symphony X....

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Bruce Dickinson


Por Igor Z. Martins

Texto publicado no Whiplash

Inquestionavelmente, a fama e reputação de Bruce Dickinson se devem aos anos em que esse inglês de 50 anos passou no Iron Maiden. Nada de errado com isso, afinal, “o Maiden” é considerado por muitos como “a maior banda de metal de todos os tempos”. Dizem também que o Iron Maiden fez bem ao Bruce Dickinson e que o Bruce Dickinson fez bem ao Iron Maiden. Pois a banda decolou de vez quando Dickinson se juntou à mesma em 1982, no álbum The Number Of The Beast. E o cantor, que antes disso atuava como vocalista do Samson, banda sem uma razoável notabilidade na cena (não se comparada ao “sacrossanto” Iron Maiden), ficou conhecido mundialmente e se tornou um ícone, um deus protetor dos cavaleiros defensores do metal após o lançamento de seu primeiro álbum na banda do magnânimo e igualmente adorado baixista Steve Harris.

O que é de se admirar é que a carreira solo de Dickinson, que teve início em 1990, com o álbum Tattooed Millionaire, não seja tão – ou mais (sim, ou mais) – enaltecida que o Iron Maiden. Enquanto o Iron Maiden passou mais de um quarto de século praticamente (sem entrar nas particularidades da imensa discografia da banda) na mesma, Bruce Dickinson, ao longo de seis álbuns, experimentou, inovou e mostrou ao mundo uma face criativa competentíssima que pouco aparecia no Iron Maiden. Ele foi do hard rock à lá Los Angeles ao hard rock pesado com influências de música latina. Do rock alternativo ao metal.

Tudo bem, ninguém está chamando de estúpido aqueles que preferem o Iron Maiden à carreira solo de seu principal vocalista. Afinal de contas, existe a conhecida, adorada e velha questão de gosto. E, além do mais, todo mundo sabe que é difícil competir com “o Maiden”. Bandas e bandas competentíssimas são superadas pela Harris and Associates, tanto no sentido de vendas, como no sentido de preferência unânime. Por que, então, alguém iria propor que apenas um simples e mortal homem (sim, mortal, pois Dickinson só é um deus absoluto no Maiden) batesse o Iron? Loucura.

A discografia solo da carreira de Bruce Dickinson é composta por seis álbuns de estúdio, dois álbuns ao vivo e uma compilação. O primeiro álbum é Tattooed Millionaire (1990), lançado paralelamente às atividades de Dickinson no Iron Maiden. Esse primeiro álbum e toda a experiência solo de Bruce surgiram quando o vocalista foi convidado a escrever uma música para a trilha sonora da 5ª parte do filme de Freddy Krueger, A Hora do Pesadelo (A Nightmare On Elm Street). Origina-se daí Bring Your Daughter To The Slaughter, que fora gravada pelo Iron Maiden numa versão alternativa no criticado No Prayer For The Dying (1990).

Tattooed Millionaire traz uma sonoridade absolutamente diferente da proposta pelo Iron Maiden até então. O álbum, com Janick Gers nas guitarras (que viria a substituir Adrian Smith no Iron Maiden mesmo ano), Andy Carr no baixo e Fabio Del Rio na bateria, traz um competentíssimo hard rock, semelhante ao feito pelas bandas que inundavam a cena hard no final dos anos 80 e início da década de 90. Os destaques do álbum, além da faixa título, que se tornaria um dos grandes hits da carreira de Dickinson, são Son Of A Gun, Born In ‘58, Gypsy Road, Dive! Dive! Dive! e a versão para All The Young Dudes, gravada pelo Mott The Hoople, em 1972.

A atmosfera de Tattooed Millionaire recupera o lado rock n’roll esquecido pela maioria das bandas da época. Jaquetas de couro e jeans azul tomaram de novo o seu lugar que fora roubado por toda a purpurina e colorido exagerado dos anos 80. Além disso, Bruce apresenta uma abordagem vocal diferente daquela que o fez famoso, cheia de tons altos e melódicos. Dickinson, agora, apostara em uma performance mais visceral, rasgada e agressiva. O Iron Maiden também se afastara daquela coisa de calças apertadas e coloridas. Seus primeiros álbuns dos anos 90, No Prayer For The Dying e Fear Of The Dark (1992), o último álbum de estúdio com Bruce Dickinson na banda, antes de sua saída em 1993, também trazem, tanto no visual, quanto na sonoridade, um espírito mais "rocker" e menos “espetaculoso”, que marcou os lançamentos e turnês astronômicas de álbuns como Powerslave (1984) e Seventh Son Of A Seventh Son (1988).

Em 1993, Bruce Dickinson deixa o Iron Maiden para se dedicar à carreira solo. Em 1994 é lançado seu segundo álbum, Balls To Picasso, com influências de música latina, certamente trazidas pelo grupo de rock latino que tocou com Dickinson neste álbum (e em outros dois), o Tribe of Gypsies, banda do famoso guitarrista e produtor Roy Z (Helloween, Judas Priest, etc.). Além de Roy, a nova banda de Bruce tinha Edward Casillas no baixo, David Ingraham na bateria e Doug Van Booven na percussão.

Balls To Picasso pode ser visto como um álbum de hard rock, porém diferente da proposta de Tattooed Millionaire. O disco é mais pesado e traz um clima mais obscuro, como nas canções Cyclops, Hell No e Change Of Heart. Outros destaques do álbum são Fire, 1000 Points Of Light e dois dos grandes hits da carreira de Bruce: Laughing In The Hiding Bush e Tears Of The Dragon. Não dá pra esquecer a ótima, pesada e emocionante Gods Of War, que traz uma performance impecável de Bruce Dickinson, que se mostra mais solto e consciente como músico.

No ano seguinte seria lançado Alive In Studio A. Um controverso álbum duplo ao vivo: o primeiro disco trazia versões das canções solo de Bruce gravadas ao vivo em estúdio; o segundo, com o repertório praticamente idêntico, trazia uma apresentação no famoso clube londrino The Marquee. As músicas que compunham o álbum eram em sua maioria extraídas de Balls To Picasso. O repertório de Tattooed Millionaire fora praticamente ignorado: apenas Tattooed Millionaire, Born in ‘58 e Son of a Gun foram tocadas. Ótimas canções como Dive! Dive! Dive! e Gypsy Road ficaram de fora. A banda que acompanhou Bruce era composta por Alex Dickson na guitarra, Chris Dale no baixo e Alessandro Elena na bateria.

Alive In Studio A é interessante se observarmos o modo como algumas músicas ficaram quando tocadas ao vivo. Cyclops e Son of a Gun, por exemplo, ficaram ainda mais pesadas. Além da performance de Bruce, que, sob certos aspectos (como a interpretação visceral e a tonalidade usada), nestas canções, ficou superior às versões originais. Shoot All The Clowns também merece ser destacada pela forma solta como ficou tocada ao vivo. As demais canções não tiveram nenhum ponto absolutamente notável.

Em 1996, Bruce lança Skunkworks, gravado com a mesma banda que o acompanhara em Alive In Studio A. Esse lançamento marca um proposital e (aparentemente) definitivo afastamento de Bruce do heavy-metal. Skunkworks é considerado por muitos como a pior coisa que Bruce Dickinson já lançou em sua vida. O álbum, composto praticamente inteiro por Bruce e Alex Dickson, foi taxado pela crítica como um álbum de Grunge, primeiramente em função de sua sonoridade e pelo fato do produtor do álbum, Jack Endino, ter trabalhado com o Nirvana, um dos grandes expoentes do movimento surgido em Seattle (EUA) no final dos anos 80 e início da década seguinte.

Skunkworks pode ser dito como o principal pilar de resistência de Bruce contra um mundo que dizia a que o lugar do cantor era no Iron Maiden, tocando o “glorioso” heavy-metal que o fez famoso. Além de essa rebeldia ter ficado explícita na sonoridade – próxima ao rock alternativo – de Skunkworks, completamente avessa a tudo já escrito pelo músico, Bruce aparece de cabelos mais curtos, com um visual mais leve e aproximado do pop. Na canção I Will Not Accept The Truth, aos berros, Bruce responde às críticas do mundo: “Você diz que eu nunca vou conseguir. Pois me aguarde!”.

I Will Not Accept The Truth, um dos principais destaques de Skunkworks, é uma declaração de resistência, interpretada por Bruce de forma magistral e surpreendentemente dramática e agressiva. Outros pontos fortes do álbum são Space Race, o hit Back From The Edge, Inertia, Dreamstate (comparada a Black Hole Sun do Soundgarden), Strange Death In Paradise, a agressiva Innerspace e a admirável Octavia, que levanta um interessante questionamento sobre vida após a morte. Tudo interpretado por uma banda competentíssima e pela voz de Bruce, ora melódica, ora agressiva.

Em 1997, Bruce Dickinson cede: retorna ao heavy-metal com Accident Of Birth, seu quarto trabalho solo. Nesta época, Steve Harris criticou o vocalista, dizendo que “Bruce tocaria Country Music se isso vendesse bem”. O fato é que, em questões de criatividade, Accident Of Birth traz um heavy-metal anos luz à frente do praticado pela maioria dos artistas considerados deuses do estilo, inclusive o Iron Maiden. É neste ano que Bruce, para o espanto do mundo, aparece com os cabelos totalmente curtos.

A banda que acompanhou Bruce Dickinson foi novamente o Tribe Of Gypsies de Roy Z. e companhia. Além disso, para ocupar o posto na outra guitarra, Adrian Smith, ex-guitarrista do Iron Maiden, que até então estava trabalhando com projetos solos e sua banda Psycho Motel, fora chamado. Mesmo sendo um autêntico álbum de heavy-metal tradicional e trazendo músicas absolutamente cheias de clichês do estilo, como Road To Hell e The Magician, Accident Of Birth, cuja arte de capa foi feita pelo famoso Derek Riggs, consagrado pelo Eddie do Iron Maiden, incorpora em sua sonoridade elementos que o fazem diferente das demais produções da cena. O álbum tem uma atmosfera forte, proporcionada pelo uso de teclados e guitarras com uma carga extra de peso e distorção.

Os destaques do álbum, além da faixa título, ficam por conta de Freak, que abre o álbum com toneladas de peso, Taking The Queen, as emocionantes Darkside Of Aquarius e Man Of Sorrows, além de Welcome To The Pit e Omega. Arc Of Space, arranjada com belas melodias de violão, fecha o álbum que facilmente pode ser enquadrado como um dos melhores discos de heavy-metal da década.

Em 1998, Bruce Dickinson supera Accident Of Birth e lança a sua obra de arte, seu ápice artístico: The Chemical Wedding, composto e gravado pela mesma formação do álbum anterior. Mais pesado, obscuro e maduro, The Chemical Wedding, é um álbum de metal ainda mais fantástico que Accident Of Birth. Afastado dos clichês do estilo, o disco é baseado nas obras do pintor e poeta inglês William Blake (1757 – 1827). Temas como alquimia e religião são embalados por um instrumental competente e assombrosamente pesado – segundo a lenda, os guitarristas usaram cordas de baixo para acentuar o peso das guitarras.

É uma injustiça destacar apenas algumas músicas de um disco composto por 10 obras de arte, mas, mesmo assim, da para se dizer que as que mais chamam a atenção são: King In Crimson, The Tower, Book of Thel, Jerusalem, Trumpets Of Jericho, Machine Man, The Alchemist e a bela faixa título. É em The Chemical Wedding que Bruce mostra o lado mais poderoso de sua voz, mesclando momentos absolutamente melódicos, com tons baixos, com momentos agressivos, viscerais, com tons altos e potentes.

Infelizmente, The Chemical Wedding é o último álbum de estúdio de uma seqüência de lançamentos geniais do vocalista. Após isso, em 1999, Scream For Me Brazil, álbum gravado ao vivo no Brasil (sério?), é lançado, sendo o último álbum solo de Bruce antes de sua “incrível”, “fantástica” e “orgasmática” volta ao Iron Maiden.

Scream For Me Brazil foi gravado na turnê de The Chemical Wedding, marcando o fim da produtiva união de Tribe Of Gypsies com DickinsonBruce continuaria trabalhando somente com Roy Z. Scream For Me Brazil traz 12 canções oriundas de Balls To Picasso, Accident Of Birth e The Chemical Wedding. Canções de Tattooed Millionaire e Skunkworks foram deixadas de lado. Reclamar disso não é como o saudosismo fanático dos fãs do Iron Maiden, que crucificariam a banda caso não tocassem as músicas mais antigas. Bruce Dickinson solo, lançando seu segundo álbum ao vivo com algumas de suas mais clássicas canções, não é o mesmo que o Iron Maiden lançando o seu décimo álbum ao vivo com The Number Of The Beast e The Trooper. Estas duas músicas já bateram todos os recordes quanto ao número de apresentações e gravações ao vivo, além de já terem enchido o saco de todo mundo, ao contrário de Tattooed Millionaire, All The Young Dudes ou Inertia, por exemplo.

Neste mesmo ano, levando fãs de todas as faixas etárias – de garotos de 12 anos, ainda sem nenhum pêlo no corpo, a marmanjos barbados de 30 anos – às lágrimas e aos mais diferentes tipos de delírios, Bruce Dickinson volta ao Iron Maiden. Para aumentar ainda mais a êxtase e a euforia de toda a galáxia, Adrian Smith também volta de gaiato à banda.

A excelente carreira solo de Bruce é deixada em segundo plano. Em 2001 é lançada uma coletânea com os maiores hits da carreira solo do cantor e duas faixas inéditas: Broken e a ótima Silver Wings. As primeiras edições do álbum, chamado simplesmente de The Best Of Bruce Dickinson, traziam um disco bônus, com algumas músicas raras da carreira do vocalista, como a versão original de Bring Your Daughter To The Slaughter, Re-Entry, Ballad Of Mutt, etc.

Todas as grandes músicas da vida solo de Bruce, estão no álbum: Tattooed Millionaire, Book Of Thel, Darkside Of Aquarius, Back From The Edge, The Chemical Wedding, Accident Of Birth, The Tower etc. Um repertório satisfatório até mesmo para chatos que tenham pensando em reclamar a falta de Hell No ou Space Race ou qualquer outra grandiosidade que tenha ficado de fora.

Apenas em 2005 – sim, para quem lançava um álbum por ano, lançar um álbum inédito somente seis anos depois é o bastante para dizer “apenas” e constatar que uma brilhante carreira solo fora deixada de lado – Bruce lança Tyranny Of Souls, lançado em parceria com Roy Z, que compôs, tocou guitarra, baixo e produziu o álbum. Para a gravação do álbum, foram contratados os músicos: Juan Perez e Ray "Greezer" Burke no baixo, David Moreno na bateria e um enigmático tecladista que atende pelo pseudônimo de “Maestro Mistheria”.

Tyranny Of Souls, em momento ou outro, tenta recuperar atmosfera de The Chemical Wedding. Dá para se dizer isso em função de algumas abordagens instrumentais e principalmente pela capa, que traz Hell, pintura de 1485 de Hans Memling (1430 – 1494), que lembra bastante o estilo de William Blake.

O álbum traz um bom heavy-metal e um Bruce Dickinson em boa forma, entretanto, Tyranny Of Souls não se compara a Accident Of Birth ou The Chemical Wedding. Destacam-se no álbum Abduction, a balada Navigate The Seas Of The Sun, Kill Devil Hill e River Of No Return. Ao contrário dos dois álbuns anteriores, Tyranny of Souls é mais cru e direto, tanto na produção quanto na estrutura das músicas.

Estamos em 2008 e até agora não há sinal de um lançamento inédito de Bruce Dickinson em carreira solo. Em 2005, o catálogo de álbuns solo de Dickinson foi relançado em álbuns duplos que traziam material bônus. Em 2006 sai Anthology, um pacote com três DVDs que traziam material ao vivo e vídeos promocionais da carreira solo de Bruce. Belos e interessantes caça-níqueis – ele aprendeu a lição com “Mr. Harry”.

Existem aqueles que não gostam de Bruce Dickinson solo, que o preferem à frente de sua majestade, o Iron Maiden. Existem outros que apreciam tanto Iron Maiden quanto Bruce solo. E existem também aqueles que preferem com todas as forças que Dickinson saia do Iron Maiden e volte à sua carreira solo, mesmo que isso seja um desejo bastante utópico, pois, dificilmente, em pleno século XXI, alguém deixaria uma fonte de renda inesgotável como o Iron Maiden só por amor à música. Cabe a estes questionar a volta e permanência do vocalista no Iron Maiden, já que a banda, para dizer pouco, há anos não mostra sequer metade da criatividade que os álbuns solo de Bruce mostram. Cabe a estes lamentar que um projeto tão frutífero tenha sido deixado de lado por dinheiro. Sim, dinheiro, porque esta história sobre voltar ao Iron Maiden por amor ao heavy-metal já não cola mais.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Iron Maiden na harpa

Quem ainda pensa, equivocadamente, que Heavy Metal é só barulho, provavelmente ainda não escutou os principais ícones do estilo. Heavy Metal é, antes de qualquer definição, um estilo que consegue aliar de forma ímpar peso e melodia, duas coisas que para outros gêneros musicais parecem ser eternas inimigas.

S & M, soberbo CD/DVD do Metallica com a Orquestra Sinfônica de São Francisco, já provou que o Heavy Metal tem tudo a ver com a música erudita. Os dois vídeos abaixo reforçam ainda mais as duas teses mencionadas.

Ah, depois de vê-los, não esqueça de bater palmas.


Hallowed Be Thy Name




The Trooper



O Metallica está de volta




Por Ricardo Seelig, do Whiplash

Nota: 9

Eu não sou um crítico musical, muito pelo contrário. Sou apenas um fã de música que, como qualquer pessoa, tem preferência por esse ou aquele estilo, essa ou aquela banda. A única coisa que me faz, quem sabe, um pouco diferente da maioria, é o fato de que, além de fã, eu também escrevo para o Whiplash. Porque eu estou dizendo isso? Para que você, antes de ler essa resenha, saiba que ela não tem a menor pretensão de analisar tecnicamente o novo álbum do Metallica, mas sim apenas expressar a minha opinião pessoal, como fã e consumidor de heavy metal, sobre o novo trabalho do grupo.

Death Magnetic me soou como um tapa (bem dado , diga-se de passagem) na orelha. Pesado, repleto de riffs que são puro thrash metal oitentista, palhetadas em profusão, linhas vocais que lembram os melhores momentos de James Hetfield. Kirk Hammett está solando muito bem, a maioria das vezes usando o seu pedal wah-wah com a competência habitual. Robert Trujillo finalmente encontrou espaço para fazer o seu trabalho, e mostra que foi a escolha certa para o grupo, com linhas de baixo que acrescentam ainda mais peso às bases de Hetfield. E Lars Ulrich, apesar de ainda estar longe do fenomenal baterista que um dia já foi, entrega em Death Magnetic a sua melhor performance em anos.

A produção de Rick Rubin foi fundamental para o resultado final de Death Magnetic. O veterano e mítico produtor soube fazer a banda se reencontrar, fazendo-a soar novamente como Metallica, e não como um banda de veteranos deslocados no tempo que tentavam soar moderninhos mas só conseguiam ser patéticos (sim, estou falando do St Anger, caso você não tenha ligado o nome à pessoa).

Todo e qualquer fã que tenha acompanhado a carreira do Metallica se empolgará com as músicas de Death Magnetic. Isso é um fato, simples e claro. That Was Just Your Life abre o disco com o pé direito, com um dedilhado de guitarra que nos leva de volta aos anos mágicos do thrash metal. Seu riff principal já deixa claro que estamos diante de um trabalho especial. Há muito tempo, desde um passado muito, muito distante, James Hetfield não tocava bases tão empolgantes como as que saem dos alto-falantes. Agressiva, a música mostra um Metallica surpreendente, que em nada lembra o passado recente do grupo. Nem parece que estamos ouvindo a mesma banda que cometeu equívocos como St Anger e pretensões descabidas como Load. A parte final da música, mais precisamente a partir dos 5:50, arrepia qualquer fã de heavy metal, com grandes melodias de guitarra que fazem a esperança que sempre mantivemos em relação ao grupo se renovar.

The End Of The Line mantém o nível do disco lá em cima. Mais uma vez privilegiando as palhetadas de Hetfield, com um timbre pesadíssimo, essa música deve ser um das preferidas dos fãs, principalmente por conter linhas vocais muito semelhantes a clássica Master of Puppets, de 1986. Ouça, comprove e, por favor, não se contenha, saia batendo cabeça mesmo!!!

Broken, Beat & Scarred
é densa e traz guitarras muito bem trabalhadas, como há um bom tempo o Metallica não fazia. Com uma levada cativante, soa refrescante, deixando evidente o quanto o grupo estava afiado durante as gravações de Death Magnetic. Mais uma vez as bases de Hetfield ganham destaque, soando pesadíssimas e preenchendo o som do Metallica como nos bons tempos. Sabe aquelas músicas em que você acompanha os riffs sem nem mesmo perceber? Isso acontece aqui, e a razão é uma só: eles estão tão ligados a essência do heavy metal (que Hetfield e Hammett foram fundamentais no seu desenvolvimento, diga-se de passagem) que é como se você estivesse reencontrando aquele velho amigo que não via há anos, mas que, mesmo assim, sabe exatamente o que vai falar e como vai se comportar. E, sinceramente, é muito bom ouvir o Metallica soando novamente como o Metallica.

A banda tira o pé do acelerador em The Day That Never Comes, balada muito bem feita e que tem uma estrutura que segue a fórmula desenvolvida com brilhantismo ímpar pelo Metallica em clássicos como Fade To Black e Welcomo Home (Sanitarium). O arranjo vai crescendo até o seu ápice, onde o grupo engata uma quinta, entregando riffs e solos em sequência. Aliás, notem como lá pelos quatro minutos, The Day That Never Comes torna-se muito semelhantes a Welcome Home (Sanitarium), inclusive no timbre das guitarras. Mais para frente, mais precisamente nos 4:55, a banda faz uma referência a si mesma, com uma base que é totalmente One, do álbum … And Justice For All. Ou seja, como você já deve ter imaginado, The Day That Never Comes é uma das melhores faixas de Death Magnetic.

All Nightmare Long é uma das composições mais agressivas do álbum. Seu riff e sua estrutura tem um clima bem Kill´Em All, mais crus e diretos. Pedrada, soco no estômago, dona de um grande refrão, é um daquelas músicas que abrem rodas nos shows, com os fãs chocando-se uns contra os outros.

Por outro lado, Cyanide vem gerando algumas discussões entre os fãs mais radicais, principalmente por causa da sua estrutura mais “pop”, se esse termo for possível de ser encaixado aqui. Na verdade, Cyanide se difere das outras músicas de Death Magnetic por não ter características thrash metal, mas sim por investir naquele hard rock tipicamente Metallica, pesado, com bases e melodias matadoras, bem on the road. Fazendo uma comparação, ela é uma composição na linha da ótima I Disappear, gravada pelo grupo em 2000 para a trilha do filme Missão Impossível 2. Como curiosidade, preste atenção na linha de baixo tocada por Robert Trujillo aos 4:50 e identifique mais um clássico oitentista do grupo.

The Unforgiven III
dá início à parte final de Death Magnetic. Introduzida por um piano bem climático, amparado por sutis arranjos de cordas, mantém a característica sinfônica das duas primeiras partes de Unforgiven, assim como deve tocar bastante nas rádios, já que parece ser uma canção composta com o firme propósito de promover o disco nos mais diversos canais disponíveis. Pra falar a verdade, achei uma faixa bem fraquinha, deslocada do restante do álbum, isso sem falar que forçaram a barra com o título, tentando fazer uma ligação com o passado em uma música que não tem nenhum elemento que justifique essa ponte.

A pesadíssima The Judas Kiss tem um belo riff e uma estrutura quebrada, que se completa com um refrão repleto de melodia e bastante dramático. Hetfield canta como nos velhos tempos, com tesão e raiva, mas o principal destaque desta faixa são as guitarras, tanto as bases animais de James quanto o solo característico de Kirk, repleto de wah-wah, com Hammett debulhando tudo.

A instrumental Suicide & Redemption traz um título que soa como um sinal de tudo que a banda passou nos últimos anos. É como se, ao invés de imagens que dispensam palavras, em seu lugar fossem colocadas notas musicais que falam por si só. Longa, com praticamente dez minutos de duração, é uma das minhas faixas prediletas de Death Magnetic, soando como uma inspirada jam de estúdio entre os integrantes do grupo. É digna de nota a belíssima passagem que acontece a partir dos 3:40, onde a música fica mais lenta e Kirk Hammett toca um simples mas lindo solo.

Death Magnetic
fecha com a sua melhor música. My Apocalypse é irmã gêmea de Damage Inc., faixa que encerra Master of Puppets, de 1986. Sabe aquele seu amigo que vive dizendo que o Metallica está morto há tempos? Pois bem, tranque ele na sala, amarre-o no sofá, coloque os fones de ouvido no indivíduo e dê play em My Apocalypse. Total mescla de thrash de meados dos anos oitenta com toques atuais, mostra que o Metallica está vivo, forte, inspirado e ainda pode ser relevante para o metal.

Gostei muito do álbum. É, com sobras, o melhor trabalho do grupo deste o Black Album, de 1991. Um grande e cativante disco, que agradará todo e qualquer fã que cresceu junto que o grupo e que esperou longos dezoito anos para ver a banda soar novamente como Metallica.

Ia dar uma nota oito, mas esse retorno aos trilhos merece mais, por isso a nota que Death Magnetic ganha é um estrondoso e enorme 9, resultado de suas ótimas composições e do caminho promissor que aponta para o futuro do grupo.

O Metallica acordou. Saiam do caminho.

Faixas:

1. That Was Just Your Life
2. The End Of The Line
3. Broken, Beat & Scarred
4. The Day That Never Comes
5. All Nightmare Long
6. Cyanide
7. The Unforgiven III
8. The Judas Kiss
9. Suicide & Redemption
10. My Apocalypse

Symphony X volta ao Brasil com turnê de Paradise Lost; Salvador, por enquanto, fica de fora


Press-Release
Fonte: Whiplash

O grande nome do heavy metal progressivo está de volta. Os norte-americanos do SYMPHONY X chegam ao Brasil na segunda quinzena de outubro para diversas apresentações pelo país, pouco mais de um ano após sua última turnê por aqui. Dessa vez, novas cidades estão inclusas no roteiro da banda, que divulga o álbum Paradise Lost, lançado em 2007.

A nova turnê do SYMPHONY X passará por Porto Alegre, Curitiba, São Paulo e Recife, com novas datas ainda a serem confirmadas. Salvador, que chegou a ser anunciada como uma das paradas da banda norte-americana no Brasil, até o momento está de fora. Confira as datas:

21/10 – Porto Alegre (Prog Metal Fest)
22/10 - Curitiba
24/10 - Recife
26/10 - São Paulo

História

Com quase 15 anos de carreira, o SYMPHONY X teve início em 1994, em New Jersey, quando o guitarrista e fundador Michael Romeo uniu-se a Thomas Miller, Jason Rullo, Michael Pinella e Rod Tyler. Gravaram seu primeiro álbum Symphony X, lançado no Japão em dezembro do mesmo ano, tornando-se muito popular entre os fãs de metal progressivo e hard rock melódico de todo o mundo.

No começo de 1995, o vocalista Rod Tyler abandonou a banda durante as gravações de The Damnation Game. Russel Allen assume então os deveres vocais, com sua voz grave, harmonia vocal e influência da música clássica. Até hoje, Russel permanece na banda, e gravou o que é considerado pelos fãs o melhor álbum da carreira do SYMPHONY X: The Divine Wings of Tragedy. Faixas como Of A Sins And Shadows, The Accolade e a faixa-título com seus vinte minutos de duração tornaram-se clássicas deste estilo.

De lá pra cá, a banda lançou mais quatro trabalhos de estúdio, sempre mantendo sua linha progressiva e clássica. Após cinco anos longe dos estúdios, o SYMPHONY X brinda seus fãs com o seu sétimo álbum, Paradise Lost, com faixas pesadas e agressivas como Set The World on Fire e a faixa homônima.

Line Up

Michael Romeo – guitarra
Russell Allen – vocal
Jason Rullo – bateria
Michael Pinnella – teclado
Michael LePond – baixo

Off-Topic: Morre tecladista fundador do Pink Floyd


Por Edson Rocha 15/09/2008

O tecladista Richard Wright, um dos fundadores do Pink Floyd, morreu de câncer hoje, segunda-feira dia 15 de setembro, aos 65 anos de idade. "A família de Richard Wright, membro fundador do Pink Floyd, anuncia com grande tristeza que Richard morreu hoje após uma curta luta contra o câncer. A família pede que tenha sua privacidade respeitada nesta época difícil", comunicou o site oficial da banda.

Richard William Wright, nascido em Londres (ING), a 28 de julho de 1943, foi educado na Haberdashers’ Aske’s School e na Regent Street Polytechnic College Of Architecture, sendo que nesta última encontrou Roger Waters e Nick Mason, se tornando membro fundador do The Pink Floyd Sound (Pink Floyd) e das empreitadas anteriores, o Sigma 6, The Screaming Abdabs (The Abads) e The Tea Set.

No início do Pink Floyd, Wright era tido como uma das principais forças motrizes na parte musical da banda, apesar de exercer uma influência menor que o principal compositor e vocalista na época, Syd Barrett. O tecladista compôs e cantou várias músicas entre os anos de 1967 e 1968. Como cantor, teve participações em Astronomy Domine, Matilda Mother, Scarecrow e Chapter 24, enquanto entre suas primeiras composições estão Remember A Day, Paint Box e It Would Be So Nice. Entretanto, Wright voltava mais o seu foco para músicas instrumentais mais longas, como Interstellar Overdrive, A Saucerful Of Secrets, Careful With That Axe, Eugene, One Of These Days e trilhas sonoras de filmes. Dentre suas obras e contribuições mais cultuadas ao lado do Pink Floyd encontramos Atom Heart Mother, Echoes, Shine On You Crazy Diamond, The Great Gig In The Sky, Us And Them, Breathe e Time.

Wright lançou o seu primeiro álbum solo Wet Dream em 1978 e na mesma época, durante as gravações do The Wall (1979), começou a ter problemas com Roger Waters (vocalista e baixista) e acabou sendo forçado a passar de membro a "tecladista contratado" do Pink Floyd. The Final Cut (1983), foi o único álbum da banda sem o tecladista, que em 1984 formou o Zee ao lado do guitarrista Dave Harris (Fashion) e lançou o álbum Identity. Após a saída de Waters, no final de 1985, Wright retornou ao Pink Floyd e três anos mais tarde era novamente membro da banda contratualmente. Em 1994 o tecladista ajudou na composição de cinco músicas, e cantou em Wearing The Inside Out, no aclamado álbum The Division Bell.

O tecladista lançou mais um registro solo, Broken China (1996), e participou de três trabalhos recentes de David Gilmour, vocalista, guitarrista e colega de Pink Floyd: David Gilmour In Concert (DVD, 2002), On An Island (2006) e Remember That Night (DVD, 2007).

"Fico triste em dar a notícia que Richard morreu após uma batalha contra o câncer", escreveu Gilmour no blog do seu site oficial. "Realmente não sei o que dizer a não ser que ele era um amável, gentil e genuíno homem e que deixa terrível saudade para tantos que o amavam. E não muitas pessoas. Não foi ele que teve o aplauso mais alto e longo no final de cada show em 2006?", finaliza.