sábado, 30 de agosto de 2008

Death Magnetic - Primeiras impressões de um possível clássico


Review do site MusicRadar.com


Metallica Ltda
tem algo a ser arrumado: o St. Anger de 2003 devia provavelmente ter sido mantido entre as paredes do QG da banda e rotulado como Some Kind of Therapy.

Enquanto nós vamos fundo nas entranhas da gravadora deles para ser um dos primeiros a ouvir o Death Magnetic, é com medo e trepidação. Murmúrios do Kirk Hammett solando de novo e riff thrashs são todos bons mas eles foram entreguem nesta besta de 80 minutos? Sim. E então algo mais.

That Was Just Your Life

Começa com um som de um coração batendo vagarosamente, muda para uma parte de palhetada limpa estilo Sanitarium. Então todo o inferno é liberado. Este é um Metallica que achávamos que nunca ouviríamos de novo - as guitarras bases na velocidade da luz de Blackened e o grande James Hetfield com uma nova chama em sua voz. É o som da banda que de repente reconheceu sua força e estão de alguma forma criando uma ponte entre o ...And Justice For All e o álbum preto de 1991. Que maneira de começar.

The End Of The Line

O riff principal aqui pode ser reconhecido instantaneamente por alguns fãs - foi salva da The Other Song que o Metallica estreiou ao vivo em 2006 (e então mandou para o lixo). Combina muito mais na introdução aqui, a primeira de um banquete de riffs nesta fonte de energia - incluindo o gancho recorrente que é reminiscência da Even Flow do Pearl Jam. O Kirk Hammett parece ter ficado com consciência culpada pelos últimos dez anos e está solando pela sua vida - e sim, ele trouxe seu wah wah junto com ele.

Broken, Beat & Scarred

Outra dose de peso com um riff simples mas efetivo que relembra o álbum preto. É porrada, dinâmico e mostra outro vocal mandão do Hetfield com um refrão grudento (algo sobre sobreviver a uma dificuldade). Embora neste momento comece a parecer meio repetitivo o vocabulário de viradas do Lars Ulrich.

The Day That Never Comes

O single é bem colocado aqui depois de todos as reviravoltas das três faixas anteriores. Duas coisas estão claras agora: 1) Os boatos sobre uma masterização ou mixagem risível do Death Magnetic não têm fundamento na maior parte. As guitarras tem muitas frequências médias e passagens mas o som não fica confuso. No entanto, 2) a bateria de Lars Ulrich ainda soa alta demais na mixagem desta música em particular. Quantos microfones ele colocou nessa caixa?

All Nightmare Long

As guitarras dominam esta música. Muito melhor do que o título escuso sugere, você pode querer checar seu pulso se sua cabeça não estiver mexendo ao ritmo do riff principal de guitarra. De volta ao território da mistura do Justice/Black, existe umas palhetadas alternadas ótimas que gritam Dyers Eve com um dos refrões mais fortes do álbum. O solo caótico de Hammett combina perfeitamente e até há um fim falso para ser contado - ei, funcionou com o Def Leppard na Animal. As semelhanças acabam aí.

Cyanide

É estranho que a banda tenha escolhido esta música para ser apresentada ao vivo pois ela não é uma boa representação do Death Magnetic. Diminuindo o ritmo, ela parece feita em laboratório na segunda parte - um pouco forçada. Ou talvez seja porque a bateria está muito alta na mixagem de novo...

The Unforgiven III

Outro título ameaçador. Começa com um piano triste estilo Einaudi e cordas antes de desenvolver em uma balada do Metallica surpreendentemente adorável com algum groove de southern rock. De novo, o Hetfield aumentou seu jogo vocal e isso ajuda a levar a música enquanto continua na segunda parte com alguns solos heróicos de Hammett. É interessante ouvir a banda reciclando alguns de seus antigos riffs aqui - algo da faixa título do Ride the Lightning se nós não estivermos enganado.

The Judas Kiss

Esta é uma que possivelmente crescerá e coloca alguns riffs fora do lugar antes de entrar de vez. A velocidade dos versos, a dinâmica mais lenta, são impressionantes e a parte do Bow Down do Hetfield no refrão tem mais do que um toque de Master of Puppets nele.

Suicide & Redemption

A primeira música instrumental do Metallica há 20 anos tem muita viagem nela - a marca registrada e a mágica na Orion e To Live Is To Die não podem ser ignoradas. Suicide & Redemption se torna a grande decepção do Death Magnetic.

Os dois riffs principais simplesmente não são fortes o suficientes para mante-la - privado de atmosfera, eles poderiam ter sido o trabalho de alguma banda de metal sem nome. Para uma banda que passou boa parte do álbum provando que eles ainda entendem de dinâmicas, isto soa como forçado e não passa da sua apresentação. Mas pelo lado bom - você pode ouvir o baixo do Robert Trujillo soando legal.

My Apocalypse

Uma excelente forma thrash de sair e a faixa mais direta do álbum. É quase como se o produtor/guru Rick Rubin tenha falado para eles "faça um Slayer" e julgando pelo riff do Hammett por volta dos dois minutos, o espectro de Jeff Hanneman estava definitivamente presente no estúdio naquele dia.

Quase 80 minutos e muito se pode tirar dessa primeira ouvida. É o álbum ...And Justice For All que é o ponto recorrente de referência aqui, principalmente nas faixas pesadas. E o thrash progressivo e sombrio do álbum é um grande marco.

Há alguns problemas no caminho e sem dúvida não será o suficiente para simpatizar os pessimistas do old-school - especialmente os críticos vanguardistas das técnicas atuais (leia-se: limitadas) de Lars Ulrich.

Mas você tem que se perguntar, o que você esperava da banda de metal de maior sucesso mundial depois de todos esses anos de decepções no estúdio? Você pode muito bem se surpreender com o que eles têm desta vez. E se nós ouvirmos mais riffs de guitarra em um álbum neste ano, você pode nos chamar de Dave Mustaine.

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Review da revista Terrorizer

Se você pudesse voltar no tempo de volta a 1983 com uma cópia do Death Magnetic em suas mãos e tocar para os pivetes cabeludos que acabaram de gravar o Kill'em All, eles não teriam problemas em reconhecer a eles mesmos nas estruturas épicas das músicas, trabalhos de guitarra de deixar de queixo caído (guitarras rápidas e solos de derreter a cara) e energia pura de bateção de cabeça. Na verdade, eles provavelmente se impressionariam.

É isso mesmo, crianças, pela primeira vez vocês podem acreditar no hype: o "seu" Metallica está de volta e eles estão com a bola toda dessa vez.

O álbum é tão complexo, tão quebrado com paradas, começos, mudanças e solos, parecido com o ...And Justice For All que é virtualmente impossível de digerir de uma vez, mas algumas questões podem ser respondidas:

É pesado? Com certeza! Algumas vezes pelo menos. A faixa de abertura That Was Just Your Life é a coisa mais pesada que eles fizeram desde Battery enquanto a All Nightmare Long soa como se tivesse sido escrita pelo Slayer. Como um todo, o álbum parece como um elo perdido entre o ...And Justice For All e o álbum preto. Os vocais de James tem algo a ver com isso já que ele raramente usa os gritos rasgados do começo da carreira, preferindo pelos tons mais altos dos dias de Bob Rock como produtor.

Como é a produção? Muito melhor que a do St. Anger, mas isso não é dizer muito. Bem forte como um todo, mas a bateria está um pouco alta na mixagem e as dinâmicas sofrem como resultado. Lembra o álbum preto algumas horas com um toque do Reign in Blood.

Quais são os destaques? Quase todas as músicas neste álbum são no mínimo interessantes. Judas Kiss é um clássico instantâneo de bateção de cabeça enquanto a Unforgiven III é a verdadeira balada épica do álbum. Vamos só dizer que ela detona as outras duas.

Tá certo... Algo negativo então? Lars Ulrich. As limitações do cara são expostas pelo trabalho de guitarra espetacular deste álbum.

Então, é tão bom quanto os primeiros quatro? Só o tempo dirá... Provavelmente não, mas pelo menos soa como se fosse do mesmo catálogo desses álbuns. Um álbum do Metallica escrito da forma antiga de ponta a ponta!

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Comentários

Das três músicas que saíram até agora, The Day That Never Comes, Cyanide e My Apocalypse, a melhor, sem dúvida, é a primeira, um épico repleto de quebradas rítmicas, com solos - tanto de baixo como de guitarra- inspiradíssimos e riffs arrebatadores. Uma obra-prima cujo formato remete à clássica One, com um instrumental ainda mais intricado que a música do ...And Justice For All. Cyanide é ótima e em nenhum momento soa forçada, ao contrário do que diz o primeiro review. My Apocalypse é um petardo thrash ao melhor estilo Slayer, crua, agressiva, pesada e veloz. Lembra Dyers Eve.

Por enquanto, o saldo é extremamente positivo. Death Magnetic tem revelado um Metallica ao mesmo tempo saudosista e moderno, que busca referências em seu passado glorioso - notadamente em ...And Justice for All e no Black Album - sem soar datado ou obsoleto. A banda põe o pé no acelerador sem deixar de olhar pelo retrovisor. Sério candidato a disco do ano.

Abaixo, Cyanide no Ozzfest

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